"Quero dizer-te uma coisa simples: a tua ausência dói-me. Refiro-me a essa dor que não magoa, que se limita à alma; mas que não deixa, por isso, de deixar alguns sinais - um peso nos olhos, no lugar da tua imagem, e um vazio nas mãos. Como se as tuas mãos lhes tivessem roubado o tacto. São estas as formas do amor, podia dizer-te; e acrescentar que as coisas simples também podem ser complicadas, quando nos damos conta da diferença entre o sonho e a realidade. Porém, é o sonho que me traz a tua memória; e a realidade aproxima-me de ti, agora que os dias correm mais depressa, e as palavras ficam presas numa refracção de instantes, quando a tua voz me chama de dentro de mim - e me faz responder-te uma coisa simples, como dizer que a tua ausência me dói."
séculos de silêncio
"nunca falámos muito. (acho que nunca falámos nada) e não sinto necessidade de começar agora. o que poderia dizer? existem séculos e séculos de silêncio entre nós e, debaixo dos séculos do silêncio, ocultas lá no fundo, se calhar esquecidas, se calhar presentes, se calhar apagadas, se calhar vivas e a doerem-me, coisas que prefiro não transformar em palavras, coisas anteriores às palavras..."
António Lobo Antunes
Joaquim Pessoa , in GUARDAR O FOGO
(...) "É o seu coração que sempre me procurapara oferecer-me a capacidade e a alegria de voarpara lá do azul do céu e para lá da imensidão do mar,muito para além dos bosques, das searas,e mais alto, ainda mais alto que o cume friodas montanhas. Sem nunca chegar ao fimde nada, mas ao iníciode tudo."
Joaquim Pessoa
in GUARDAR O FOGO
in GUARDAR O FOGO
Talvez
"Talvez digas um dia o que me queres,Talvez não queiras afinal dizê-lo,Talvez passes a mão no meu cabelo,Talvez eu pense em ti talvez me esperes.Talvez, sendo isto assim, fosse melhorFalhar-se o nosso encontro por um trizTalvez não me afagasses como eu quis,Talvez não nos soubéssemos de cor."
Vasco Graça Moura
casa do meu corpo
"entraste
Entraste na casa do meu corpo,
desarrumaste as salas todas
e já não sei quem sou, onde estou.
O amor sabe. O amor é um pássaro cegoque nunca se perde no seu voo."
Casimiro de Brito
Vislumbrei
"Vislumbrei um clarão no mistério da sua presença...
...Quando o mistério é muito impressionante, a gente não ousa desobedecer..."
Antoine de Saint-Exupéry
Olha. Olha sempre
"Olha. Olha sempre. Olha muito. Olha com olhos de tocar, com olhos de sentir, com olhos de abraçar, de amar, de odiar até. Mas olha, Nunca deixes de olhar. É pelos olhos que a vida acontece. Mesmo que estejas com eles fechados, mesmo que eles não consigam ver. É pelos olhos que a vida acontece."
Pedro Chagas Freitas in Prometo Falhar
Se houver amor
"Se houver amor na sua vida, isso pode compensar muitas coisas que lhe fazem falta. Caso contrário, não importa o quanto tiver, nunca será o suficiente."
Friedrich Nietzsche
Creating Yourself…
“Life isn't about Finding Yourself…
Life is about Creating Yourself…”
Life is about Creating Yourself…”
George Bernard Shaw
Fábrica de Escrita
Envelhecemos com as palavras ou elas connoscodigo amor e já não corro precipitadamentepela escadaria de pedra com enormesanjos de facas sobre as nossas cabeças
que me levava ti nas manhãs em que o desejo
(a que evidentemente dávamos
outro nome mais brando )
e nos rebentava o corpo como o pólen
das árvores na primavera
e ainda não sabíamos sequer
que transportávamos em nós
a doença incurável das noites que não iriam ser as que esperávamos
já não sigo no teu corpo os sulcos
largados pelos meus dedos na hora apressada do regresso a casa
nem abafo na amurada de todas as partidas
o gesto com que não soube prender a tua fuga
digo amor e estão muito longe
as maneiras subtis de te levar escondido
entre cadernos e camélias e dilacerados sorrisos
de fim de festa
pior do que isso:
nem sequer preciso de dizer amor
para que ele se desfaça nos terrenos baldios
do meu sangue onde os teus passos
durante tantos anos o procuraram
e ilumine as horas em que o eco da tua voz
traz consigo as espadas que os anjos de pedra
então nos apontavam.que me levava ti nas manhãs em que o desejo(a que evidentemente dávamosoutro nome mais brando ) e nos rebentava o corpo como o pólendas árvores na primaverae ainda não sabíamos sequerque transportávamos em nósa doença incurável das noites que não iriam ser as que esperávamosjá não sigo no teu corpo os sulcoslargados pelos meus dedos na hora apressada do regresso a casanem abafo na amurada de todas as partidaso gesto com que não soube prender a tua fugadigo amor e estão muito longeas maneiras subtis de te levar escondidoentre cadernos e camélias e dilacerados sorrisos de fim de festa pior do que isso:nem sequer preciso de dizer amorpara que ele se desfaça nos terrenos baldiosdo meu sangue onde os teus passosdurante tantos anos o procurarame ilumine as horas em que o eco da tua voztraz consigo as espadas que os anjos de pedraentão nos apontavam.
Alice Vieira
in O Que Dói Às Aves
Editorial Caminho, 2009
in O Que Dói Às Aves
Editorial Caminho, 2009
Na convivência
"Na convivência, o tempo não importa.
Se for um minuto, uma hora, uma vida.
O que importa é o que ficou deste
minuto, desta hora, desta vida.
Lembra que o que importa é tudo
que semeares, colherás. Por isso, marca a tua passagem. Deixa algo de ti, do teu minuto, da tua hora, do teu dia, da tua vida."
Mário Quintana
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